quarta-feira, 30 de julho de 2014

"A origem de todos os nossos males está em nossa falta de saber e em nossa inferiorid​ade moral. Toda a sociedade permanecer​á débil, impotente e dividida durante todo o tempo em que a desconfian​ça, a dúvida, o egoísmo, a inveja e o ódio a domina"

Desconsiderar, sem estudo e reflexão, os argumentos e experimentos dedicados à espiritualidade (conceito presente em todas as sociedades humanas, desde as cavernas) é tão irracional quanto aceitar a fé cega - baseada em dogmas não analisáveis - com que as religiões engessam as mentes dos crédulos. De minha parte busco tratar com honestidade todos os subsídios ao conhecimento também nesta área de aprendizagem. Tem sido meus principais mentores intelectuais neste esforço: Allan Kardec, Leon Denis e Herculano Pires.


Inspirado pela leitura de:
 
·  O Porquê da Vida (FEB) - Léon Denis
·  O Problema do Ser, do Destino e da Dor (FEB) - Léon Denis
·  Socialismo e Espiritismo (O Clarim) - Léon Denis
 
Vindo da leitura de:
 
·  Introdução à Filosofia Espirita - Herculano Pires (Paidéia)
·  O Reino - Herculano Pires (Paidéia)
 
 
 
Deste ponto de vista repetimos que o socialismo teria um grande papel a desempenhar. Este seria o de fazer penetrar na alma do povo, o culto da beleza intelectual e moral, sob formas simples, porém capazes de reagir contra esses prazeres malsãos em que o espírito se corrompe, em que o gosto se perverte. Seria o de elevar o pensamento para o ideal onde converge toda a evolução universal, para as alturas onde irradiam a luz, a verdade, a bondade. Pois não basta assegurar o bem estar material, é preciso também dar ao homem a força moral que o sustentará nas provas, nos revezes, nas moléstias, como diante da morte daquele que ele amou.

Todas as vantagens materiais, os maiores salários não são suficientes para preservar o homem do desencorajamento, do desespero nas horas dolorosas, por exemplo, quando ele descer à tumba o caixão mortuário daqueles que lhe foram queridos; quando ele se sente atingido em seus sentimentos íntimos, em seus afetos mais profundos.

Não há doutrina que possa nos trazer tanta consolação e reconforto quanto o novo espiritualismo, pois ele nos demonstra que tudo sobrevive para evoluir. As almas que nos antecederam no Além,  guardam nos os tesouros de sua ternura, nos protegem, nos assistem em circunstâncias difíceis e nós as encontraremos um dia para percorrermos juntos novas etapas ascensionais. Podemos mesmo obter provas de sua sobrevivência e do interesse que continuam a ter para conosco.

Muitas vezes notei que o trabalho manual, para a maioria dos operários é puramente maquinal e deixa toda a liberdade ao pensamento. Se este fosse regularizado, disciplinado, orientado para um fim elevado, ele poderia tornar-se um meio poderoso de aperfeiçoamento para o indivíduo e por reflexo sobre todo o meio ambiente, enquanto que o pensamento flutua quase sempre sobre assuntos pueris e vãos, perdendo assim todo seu poder educativo e social.

Assim como o adágio da sabedoria oriental: “Somos o que pensamos”, aquele que fala e age segundo um pensamento puro, a felicidade segue-o como sua sombra. Mas os ocidentais não sabem administrar o jogo de suas faculdades e esta é a razão porque a existência é muitas vezes tão estéril para o seu avanço. Eles vieram a Terra para aqui se engrandecer intelectual e moralmente, e, daqui saem como chegaram sem cuidar de suas recaídas possíveis, renascimentos em meios grosseiros e inferiores, onde as tarefas serão mais penosas e mais rigorosas.
A lei sobre a jornada de oito horas, oferece ao operário mais lazeres para o trabalho intelectual e a cultura do Eu. Que ele saiba disso tirar partido; é preciso não perder de vista que nossas responsabilidades se medem pela extensão de nossa liberdade e de nossos meios de ação. E isto se aplica aos homens de todas as classes e de todas as condições.

E preciso que todos aprendam a desprender, por vezes, seus espíritos dos burburinhos terrestres, a lançar seus olhares para os vastos horizontes onde o destino chama, sem o que arriscariam se reencontrar, para além da tumba, no estado de tantos humanos descuidados da lei moral, isto é, em um estado prolongado de perturbação, de inquietude e de obscuridade.

Pois, não se precisaria tornar a dizer, toda a destinação do ser, às condições de sua vida futura, sua situação no além, tudo é regido por uma lei imanente que traz em si mesma sua sanção. O homem por seus atos, faz nele, em sua alma, a luz ou a treva.

Esta lei imanente, que não é senão a lei moral, não é, pois, o resultado de uma convenção terrestre, porém qualquer coisa de mais alto e maior, o reflexo do pensamento divino, a forma suprema da beleza eterna. Apenas através dela chegaremos a triunfar sobre os baixos instintos e forças inferiores, a orientar nossas forças a uma finalidade sempre mais elevada. Através dela nos sentimos livres e responsáveis, verdadeiramente filhos de Deus, Dele emanados e destinados a ele retornar.
                                                                                                                                    Página 31 / 32 – Léon Denis - Socialismo e Espiritismo
 
Léon Denis (Foug, 1 de janeiro de 1846 - Tours, 12 de Abril de 1927) foi um filósofo, médium e um dos principais continuadores do espiritismo após a morte de Allan Kardec, ao lado de Gabriel Delanne e Camille Flammarion. Fez conferências por toda a Europa em congressos internacionais espíritas e espiritualistas, defendendo ativamente a ideia da sobrevivência da alma e suas conseqüências no campo da ética nas relações humanas.
 
Autodidata, tendo mostrado inclinações literárias e filosóficas, aos 18 anos travou contato com O Livro dos Espíritos e tornou-se adepto da Doutrina Espírita. Desempenhou importante papel na sua divulgação, enfrentando as críticas do positivismo materialista, do ateísmo e a reação do Catolicismo. Foi ainda membro atuante da Maçonaria
 
 
 
Nascimento: Foug, França - 1846
Falecimento: Tours, França - 1927

Léon Denis nasceu numa aldeia chamada Foug, situada nos arredores de Tours, em França, a 1 de Janeiro de 1846, numa família humilde.

Cedo conheceu, por necessidade, os trabalhos manuais e os pesados encargos da família.

Não era seu hábito desperdiçar um minuto sequer de seu tempo, com distrações frívolas, às quais a maior parte dos homens recorre para matar as horas.

Desde os seus primeiros passos neste mundo, sentiu que os amigos invisíveis o auxiliavam. Ao invés de participar em brincadeiras próprias da juventude, procurava instruir-se o mais possível. Lia obras sérias, conseguindo assim, com esforço próprio desenvolver a sua inteligência. Tornou-se um autodidacta sério e competente. Aos 12 anos concluiu o curso primário, mas a situação modesta da sua família não lhe permitiu grandes estudos. Desde cedo teve problemas de saúde física: com os olhos principalmente. Aos 16 anos salientou-se como um dos melhores oradores e ardente propagandista.

Aos 18 anos tornou-se representante comercial da empresa onde trabalhava, facto que o obrigava a viagens constantes, situação que se manteve até à sua reforma e manteve ainda depois por mais algum tempo. Adorava a música e sempre que podia assistia a uma ópera ou concerto. Gostava de dedilhar, ao piano, árias conhecidas e de tirar acordes para seu próprio devaneio.

Não fumava, era quase exclusivamente vegetariano e não fazia uso de bebidas fermentadas. Encontrava na água a sua bebida ideal.

Era seu hábito olhar, com interesse, para os livros expostos nas livrarias. Um dia, ainda com 18 anos, o chamado acaso fez com que a sua atenção fosse despertada para uma obra de título inusitado. Esse livro era “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec.

Dispondo do dinheiro necessário, comprou-o e, recolhendo-se imediatamente ao lar, recolhendo-se imediatamente ao lar, entregou-se com avidez à leitura. O próprio Denis disse: “Nele encontrei a solução clara, completa e lógica, acerca do problema  universal. A minha convicção tornou-se firme. A teoria espírita dissipou a minha indiferença e as minhas dúvidas”. O seu espírito, nessa hora, sentiu-se sacudido em face dos compromissos assumidos no Espaço, para iniciar, em breve, o trabalho de propagação das verdades Kardecianas.

Como tantos outros” - disse ele - “procurava provas, factos precisos, de modo a apoiar a minha fé, mas esses factos demoraram muito a chegar. A princípio insignificantes, contraditórios, mesclados de fraudes e mistificações, que não me satisfizeram, aponto de, por vezes, pensar em não mais prosseguir as minhas investigações. Mas, sustentado, como estava, por uma teoria sólida e de princípios elevados, não desanimei. Parece que o invisível deseja experimentar-nos, medir o nosso grau de perseverança, exigir certa maturidade de espírito antes de entregar-nos aos seus segredos”.
(...)

FRASES DE LÉON DENIS                     
     Nenhuma obra humana pode ser grande e duradoura se não se inspirar, na teoria e na prática, em seus princípios e em suas explicações, nas leis eternas do Universo. Tudo o que é concebido e edificado fora das leis superiores se funda  na areia e desmorona.  

     A origem de todos os nossos males está em nossa falta de saber e em nossa inferioridade moral. Toda a sociedade permanecerá débil, impotente e dividida durante todo o tempo em que a desconfiança, a dúvida, o egoísmo, a inveja e o ódio a dominarem. Não se transforma uma sociedade por meio de leis. As leis e as instituições nada são sem os costumes, sem as crenças elevadas. Quaisquer que sejam a forma política e a legislação de um povo, se ele possui bons costumes e fortes convicções, será sempre mais feliz e poderoso do que outro povo de moralidade inferior.  

     Sendo uma sociedade a resultante das forças individuais, boas ou más, para se melhorar a forma dessa sociedade é preciso agir primeiro sobre a inteligência e sobre a consciência dos indivíduos.  

     Os espíritos de escol professam o Niilismo metafísico, e a massa humana, o povo, sem crenças, sem princípios fixos, está entregue a homens que lhe exploram as paixões e especulam com suas ambições.   

     A educação, sabe-se, é o mais poderoso fator do progresso, pois contém em gérmen todo o futuro. Mas, para ser completa, deve inspirar-se no estudo da vida sob suas duas formas alternantes, visível e invisível, em sua plenitude, em sua evolução ascendente para os cimos da natureza e do pensamento.   
     A ciência moderna analisou o mundo exterior; suas penetrações no Universo objetivo são profundas; isso será sua honra e sua glória; mas nada sabe ainda do universo invisível e do mundo interior. É esse o império ilimitado que lhe resta conquistar. Saber por que laços o homem se liga ao conjunto, descer às sinuosidades misteriosas do ser, onde a sombra e a luz se misturam, como na caverna de Plutão, percorrer-lhe os labirintos, os redutos secretos, auscultar o eu normal e o eu profundo, a consciência e a subconsciência; não há estudo mais necessário. Enquanto as Escolas e as Academias não o tiverem introduzido em seus programas, nada terão feito pela educação definitiva da Humanidade.   
 
     Fé do passado, ciências, filosofias, religiões, iluminai-vos com uma chama nova; sacudi vossos velhos sudários e as cinzas que os cobrem. Escutai as vozes reveladoras do túmulo; elas nos trazem uma renovação do pensamento com os segredos do Além, que o homem tem necessidade de conhecer para melhor viver, melhor agir e melhor morrer!  

     O Espiritualismo moderno dirige-se principalmente às almas desenvolvidas, aos espíritos livres e emancipados, que querem por si mesmos achar a solução dos grandes problemas e a fórmula do seu Credo. Oferece-lhes uma concepção, uma interpretação das verdades e das leis universais baseada na experiência, na razão e no ensino dos Espíritos. Acrescente a isso a revelação dos deveres e das responsabilidades, única condição que dá base sólida ao nosso instinto de justiça; depois, com a força moral, as satisfações do coração, a alegria de tornar a encontrar, pelo menos com o pensamento, algumas vezes até com a forma, os seres amados que julgávamos perdidos. À prova da sua sobrevivência junta-se a certeza de irmos ter com eles e com eles reviver vidas inumeráveis, vidas de ascensão, de felicidade ou de progresso.

     Dia virá, em que todos os pequenos sistemas, acanhados e envelhecidos, fundir-se-ão numa vasta síntese, abrangendo todos os reinos da idéia. Ciências, filosofias, religiões, divididas hoje, reunir-se-ão na luz e será então a vida, o esplendor do espírito, o reinado do Conhecimento. 
  
     O Espiritismo não dogmatiza; não é uma seita nem uma ortodoxia. É uma filosofia viva, patente a todos os espíritos livres, e que progride por evolução. Não faz imposições de ordem alguma; propõe, e o que propõe apóia-se em fatos de experiência e provas morais; não exclui nenhuma das outras crenças, mas se eleva acima delas e abraça-as numa fórmula mais vasta, numa expressão mais elevada e extensa da verdade.   

     Em geral, a unidade de doutrina é obtida unicamente à custa da submissão cega e passiva a um conjunto de princípios, de fórmulas fixadas em moldes inflexíveis. É a petrificação do pensamento, o divórcio da Religião e da Ciência, a qual não pode passar sem liberdade e movimento.

     Esta imobilidade, esta inflexibilidade dos dogmas priva a Religião, que a si mesma as impõe, de todos os benefícios do movimento social e da evolução do pensamento. Considerando-se como a única crença boa e verdadeira, chega a ponto de proscrever tudo o que está fora dela e empareda-se assim numa tumba para dentro da qual quisera arrastar consigo a vida intelectual e o gênio das raças humanas.   

     O que o Espiritismo mais toma a peito é evitar as funestas conseqüências da ortodoxia. A sua revelação é uma exposição livre e sincera de doutrinas, que nada têm de imutáveis, mas que constituem um novo estádio no caminho da Verdade Eterna e Infinita. Cada um tem o direito de analisar-lhe os princípios, que apenas são sancionados pela consciência e pela razão. Mas, adotando-os, deve cada um conformar com eles a sua vida e cumprir as obrigações que deles derivam. Quem a eles se esquiva não pode ser considerado como adepto verdadeiro.

 
·  Dentre suas obras, destacam-se:
 
·         Cristianismo e Espiritismo (FEB)
·         Depois da Morte (FEB)
·         Espíritos e Médiuns (CELD)
·         Joana D'Arc, Médium (FEB)
·         No Invisível (FEB)
·         O Além e a Sobrevivência do Ser (FEB)
·         O Espiritismo e o Clero Católico (CELD)
·         O Espiritismo na Arte (Lachâtre)
·         O Gênio Céltico e o Mundo Invisível (CELD)
·         O Grande Enigma (FEB)
·         O Mundo Invisível e a Guerra (CELD)
·         O Porquê da Vida (FEB)
·         O Problema do Ser, do Destino e da Dor (FEB)
·         O Progresso (CELD)
·         Provas Experimentais da Sobrevivência
·         Socialismo e Espiritismo (O Clarim)