sábado, 16 de agosto de 2014

Resumo das leis dos fenômenos espíritas *** Espiritismo dialético ('O materialismo dialético considerou “mau” o princípio espiritual, escolhendo como “bom” apenas o material => não é mais do que uma tentativa de síntese')

Desconsiderar, sem estudo e reflexão, os argumentos e  experimentos  dedicados  à  espiritualidade (conceito  presente  em todas as sociedades humanas, desde  as  cavernas)  é  tão irracional  quanto  aceitar  a  fé  cega  -  baseada  em  dogmas  não analisáveis  -  com  que  as religiões engessam as mentes dos crédulos. De minha parte busco tratar com  honestidade  todos os subsídios ao conhecimento também nesta área de aprendizagem. Tem sido meus principais mentores intelectuais neste esforço: Allan Kardec, Leon Denis e Herculano Pires.

RESUMO DAS LEIS DOS FENÔMENOS ESPÍRITAS
por ALLAN KARDEC
Títulos originais: RÉSUMÉ DE LAI LOI DES PHÉNOMÈNES SPIRITES (Paris, Avr. 1864, Chez Didier et Cie.)

Observações preliminares
As pessoas alheias ao Espiritismo, não lhe compreendendo nem os objetivos nem os fins, dele fazem, quase sempre, uma ideia, completamente falsa. O que lhes falta, sobretudo, é o conhecimento do princípio, a chave primeira dos fenômenos; à falta disso, o que veem e o que ouvem é sem proveito e mesmo sem interesse para elas. A experiência tem demonstrado que apenas a visão ou o relato dos fenômenos não bastam para convencer. Aquele mesmo que é testemunha de fatos capazes de confundirem, fica mais espantado do que convencido; quanto mais o efeito parece extraordinário, mais dele se suspeita. Somente um estudo prévio sério pode conduzir à convicção; frequentemente, basta para mudar inteiramente o curso das idéias. Em todos os casos, é indispensável para compreensão dos mais simples fenômenos. À falta de uma instrução completa, um resumo sucinto das leis que rege as manifestações bastará para fazer considerar as coisas sob seu verdadeiro aspecto, para as pessoas que nela ainda não estão iniciadas. É o primeiro passo que damos na pequena instrução adiante.

Esta instrução foi feita, sobretudo, tendo em vista as pessoas que não possuem nenhuma noção do Espiritismo. Nos grupos ou reuniões espíritas, onde se encontrem assistentes noviços, pode servir, utilmente, de preâmbulo às sessões, segundo as necessidades.

Resumo das leis dos fenômenos espiritas  (20 páginas / 42 tópicos)


ESPIRITISMO DIALÉTICO
José Herculano Pires

Prefácio da obra Dialética e Metapsíquica, do filósofo portenho Humberto Mariotti, originalmente publicada pela Édipo – Edições Populares Ltda. em fevereiro de 1951.
Republicado em livro por A Fagulha, de Campinas-SP, editora do Movimento Universitário Espírita (MUE), em 1971.

A história do conhecimento é uma sequência de erros, equívocos e frustrações. Este o motivo por que Sócrates costumava explicar: “Só sei que nada sei, e que a filosofia começa quando começamos a duvidar.” Outra coisa não tem feito o homem, desde as cavernas da era pré-lacustre, do que errar para aprender. A história da civilização não é, portanto, somente a da luta de classes, segundo o materialismo dialético, mas a própria história do erro. Como, entretanto, do erro, do equívoco, da frustração, nasceram sempre e em todos os tempos o conhecimento e a sabedoria, mais uma vez se comprova, no terreno do pensamento, o processo dialético da natureza, que do pântano arranca os lírios, da larva a borboleta, do pecador o santo, do caos da sociedade capitalista os contornos do socialismo.

Quando Demócrito firmou o princípio atômico da constituição do mundo, cometeu toda uma série de erros, atribuindo à suposta partícula indivisível a diversidade de peso no vácuo, e dotando-a de ganchos para a composição da matéria. Não obstante, havia descoberto, mais de trezentos anos antes de Cristo, o segredo da constituição do mundo, que a física experimental só encontraria vinte e quatro séculos depois.

Ao formular a base dialética da sua filosofia, Hegel unificou o “ser” e o “pensar” de Kant, mas caiu no equívoco da “ideia universal”, espécie de encarnação filosófica do caprichoso deus antropomórfico das religiões. Feuerbach teve a coragem de fazer a filosofia descer do empíreo hegeliano à terra, para ligá-la às ciências naturais, mas caiu na frustração da “antropologia”, novamente separando o “ser” do “pensar” e transformando este último numa simples função da matéria. Não obstante, apoiados na dialética de Hegel e no materialismo de Feuerbach, Marx e Engels criaram o materialismo dialético, dando novo impulso ao pensamento filosófico, abrindo novas possibilidades à investigação dos processos históricos e sociais, oferecendo base científica às aspirações do socialismo empírico.

Foram os gênios transformadores do século 19, tornando-se credores de todos os que — e são a humanidade, — desfrutam hoje da possibilidade de uma caminhada mais rápida nos rumos da civilização socialista. Stanley Jones, o grande missionário protestante, conhecido como “o cavaleiro do Reino de Deus”, observa, em “Cristo e o Comunismo”, que Marx impulsiona a história, limpando o templo da praga dos vendilhões, à semelhança do chicote do rabino, que ainda hoje espanta os cristãos comodistas.

Entretanto, a filosofia que Marx e Engels ofereceram ao mundo, como a mais alta expressão do conhecimento, não passa de uma forma híbrida, que se travestiu de síntese. A tese de Hegel e a antítese de Feuerbach não se conjugam na moderna escolástica do materialismo dialético, pois ali estão, sem dúvida, forçadas pela violência gráfica, duas palavras contraditórias e irredutíveis, que não encontram caminho para o desenvolvimento da síntese. O materialismo é a porta fechada, diante da qual se interrompe, abruptamente, o processo dialético de Hegel.

Marx condenou a “incapacidade burguesa” de Proudhon para compreender a lei fundamental da dialética hegeliana, a “unidade dos contrários”, e chamou-o de falsificador, por ter feito a escolha indébita de um dos contrários, a propriedade “boa”, rejeitando dessa maneira a própria dialética. Mas, em compensação, — rejubile-se o espírito de Proudhon! — ele e Engels não fizeram outra coisa. A luta dos contrários foi simplesmente frustrada na elaboração da dialética moderna, que se formou pela mesma e indébita escolha de um dos contrários. O materialismo dialético considerou “mau” o princípio espiritual, escolhendo como “bom” apenas o material. Por isso mesmo, não obstante a enorme contribuição que trouxe à marcha do conhecimento, não é mais do que uma tentativa de síntese.

Espiritismo dialético - Herculano Pires

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